terça-feira, 27 de março de 2012

OLERÊ, QUERO VER!

Registro da palestra realizada no CETRANS - Centro de Educação Transdisciplinar por Adriana Caccuri, Maria F. de Mello e Vitória Mendonça de Barros (membros do CETRANS) sobre o artigo apresentado no "Seminário da Contradição" de Paris em 2011, tendo como inspiração "A terceira margem do rio" de Guimarães Rosa - "Olerê, quero ver!"
... “E a canoa saiu se indo – a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa. Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa...
... A gente teve que se acostumar com aquilo... a gente mesmo nunca se acostumou, em si, na verdade”.
Guimarães Rosa




"O propósito deste artigo é lançar insights e tornar conceitos básicos sobre contradição mais acessíveis a uma comunidade mais ampla, que atua fora do campo da filosofia ou da lógica. Mais especificamente, depois de revisitar exemplos representativos do desenvolvimento histórico da dialética e da trialética, construímos marcos que consideramos relevantes, explorando dois aspectos. O primeiro aspecto é ilustrar alguns conceitos em expressões poéticas, em representações virtuais e físicas. O segundo aspecto é delinear as características básicas destes marcos conceituais e as relações entre eles. A intenção em revisitar alguns destes campos de conhecimento e de sabedoria, suas dinâmicas e processos emergiram da necessidade de melhor compreender, integrar e comunicar o ciclo percepção – ação na esfera do sendo e fazendo."

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Semana Roseana - Cordisburgo 2011



A XXIII SEMANA ROSEANA de 2011 aconteceu no período de 10 a 16 de Julho com o tema “A criança na obra de Guimarães Rosa”

Foi uma semana dedicada ao estudo da obra do imortal escritor João Guimarães Rosa, integrada por: Palestras, Mesas Redondas, Oficinas, Teatro, Caminhada Eco-Literária, Posse de Acadêmico, Lançamento de Livros e Outros Eventos Culturais.

Ver mais detalhes nos links:

http://www.cordisburgo.mg.gov.br/portal1/municipio/noticia.asp?iIdMun=100131210&iIdNoticia=193261

http://www.facebook.com

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Desenredo



(...)A música Desenredo(...)foi inspirada em Desenredo - conto integrante de Tutaméia - Terceiras Estórias de João Guimarães Rosa.(...)O conto acima citado que narra uma historia de amor incondicional, acho que o amor que todo mundo gostaria de ter para si, o amor que aceita,redime e restaura. É a historia do amor de Jó Joaquim.(...)
"Jó Joaquim (...) era quieto, respeitado, bom ,como o cheiro de cerveja. Jó apaixona por uma mulher casada e notoriamente infiel, antes bonita, olhos de viva mosca, morena mel e pão. Aliás, casada. Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se. Voando o mais em ímpeto de nau tangida a vela e vento."
João Guimarães Rosa

Fonte: http://nanamada.blogspot.com/2007/08/desenredo.html


DESENREDO
Musica de Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro

Por toda terra que passo
Me espanta tudo o que vejo
A morte tece seu fio
De vida feita ao avesso

O olhar que prende anda solto
O olhar que solta anda preso
Mas quando eu chego
Eu me enredo
Nas tranças do teu desejo

O mundo todo marcado
A ferro, fogo e desprezo
A vida é o fio do tempo
A morte é o fim do novelo

O olhar que assusta
Anda morto
O olhar que avisa
Anda aceso

Mas quando eu chego
Eu me perco
Nas tramas do teu segredo

Ê, Minas
Ê, Minas
É hora de partir
Eu vou
Vou-me embora pra bem longe

A cera da vela queimando
O homem fazendo o seu preço
A morte que a vida anda armando
A vida que a morte anda tendo

O olhar mais fraco anda afoito
O olhar mais forte, indefeso
Mas quando eu chego
Eu me enrosco
Nas cordas do teu cabelo

Ê, Minas
Ê, Minas
É hora de partir
Eu vou
Vou-me embora pra bem longe

Fonte: http://nanamada.blogspot.com/2007/08/desenredo.html

Guimarães Rosa: escritor que inspira a musicalidade brasileira

Guimarães Rosa talvez seja o escritor brasileiro cuja linguagem poética mais influencie as composições da canção popular brasileira. A afirmação é da vice-reitora da Universidade Federal de Minas Gerais, historiadora Heloísa Starling, que apresentou um estudo preliminar sobre as leituras da obra roseana por compositores brasileiros. Segundo ela, a complexa obra do escritor mineiro fornece elementos para que os compositores trabalhem na linguagem e na estética próprias da música. "Em uma entrevista em 1963, Tom Jobim expôs a afinidade entre seu trabalho e o projeto literário de Rosa. E ele tinha razão. Há música espalhada por toda a obra de Rosa", afirmou Heloísa.

Para a professora, parte da musicalidade de Grande Sertão: Veredas, por exemplo, vem do próprio sertão, dos sons da natureza, do silêncio e até do capeta tocando viola rio abaixo. "É a grandeza cantável, como diz Riobaldo", enfatiza, citando o personagem do livro. Mas a musicalidade também é conseqüência, segundo Heloísa, da manipulação que Guimarães Rosa faz da sonoridade da língua e do reconhecimento, por parte do escritor, de que a canção brasileira é uma forma híbrida, que mescla poesia e tradições oral, escrita e cantada. Em toda a obra roseana, de acordo com Heloísa, as palavras têm carga sonora, ritmo, e não apenas um significado.

Citando as diferentes formas de apropriação de Guimarães Rosa por compositores brasileiros, a vice-reitora da UFMG alternou suas observações com a execução de trechos de músicas. Um primeiro grupo, segundo ela, se apóia na obra roseana sem transpô-la, num esforço de migração de conteúdos. É o caso de Travessia, de Milton Nascimento e Fernando Brant, ou A terceira margem do rio, de Caetano Veloso e Milton Nascimento. Essa primeira série de leituras tem ainda músicas com letras ou trechos de letras extraídos da obra de Guimarães Rosa e musicados por diferentes autores. Um dos exemplos é O galo cantou na serra, com música de Luiz Cláudio, especialista na pesquisa de ritmos e gêneros musicais mineiros.

Nesse mesmo grupo, outra parcela de canções, segundo a pesquisadora, revela uma atração entre o compositor e as palavras que têm função musical na obra de Guimarães Rosa. "Sagarana, de Paulo César Pinheiro e João de Aquino, gravada em 1977 por Clara Nunes, é uma canção que enfatiza a qualidade acústica da linguagem verbal de Rosa e abusa da utilização plástica e musical dos fonemas", detalha Heloísa.

Uma segunda série possível de leituras, de acordo com a professora, inclui músicas com citações de Rosa, um enxerto na canção, sob o ponto de vista do compositor e não no sentido original proposto pelo escritor. Língua, de Caetano Veloso, ilustra esse grupo, mesclando latim e português do Brasil e de Portugal, na interpretação carnavalizada de Elza Soares. "É a potência de uma língua ainda não saturada, semelhante aos contos de Rosa, quando ele fala sobre a linguagem", afirma Heloísa.

No terceiro grupo de canções, estão autores que vão além da citação ou da sonoridade e usam Rosa para pensar o Brasil de uma forma original. Segundo a professora, esse é um diálogo com a máxima visibilidade entre a literatura roseana e a canção popular, uma rede em que música e literatura se tocam. Um primeiro exemplo é Matita Perê, de Tom Jobim e Paulo César Pinheiro, influenciada, na visão de Heloísa, pelo conto O Duelo, de Guimarães Rosa - centrado no tema do medo -, e também por obras de Mário Palmério e Carlos Drummond de Andrade.

O outro exemplo é Assentamento, gravada por Chico Buarque para o Movimento dos Sem Terra (MST), música que substitui o medo pela insubmissão. O diálogo entre escritor e compositor, neste caso, é sobre o significado do sertão e sobre a situação do Brasil, que vive uma nova modalidade de desterro, com brasileiros sem acesso a bens e direitos. "É a mesma multidão que está no pano de fundo da obra de Rosa que sai do sertão e vai para a cidade e percebe a inutilidade disso. É o 'a cidade não mora mais em mim. Francisco, Serafim, Vamos embora'", define Heloísa Starling, recorrendo a Chico Buarque.

Fonte: http://www.almg.gov.br/not/bancodenoticias/Not_709163.asp